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Repetir, lembrar, imaginar, resistir

Nota da direção artística

Repetir, lembrar, imaginar, resistir
Repetir, lembrar, imaginar, resistir
Repetir, lembrar, imaginar, resistir
  • 14.11 — 23.11 2025

Repetir, lembrar, imaginar, resistir

A cada ano repetimos este gesto de escrita, de reflexão, de convite para que se juntem a nós num novo Alkantara Festival.

Gostamos da repetição. Aqui e no trabalho artístico, que muitas vezes usa a repetição para transportar memória e desejo de futuro. Repetir e lembrar. Lembrar e imaginar. Imaginar e resistir.

Há música e dança em repeat no programa deste ano. No loop infinito da música que acompanha a busca de La Chachi ou na dança em loop das guardiãs espectrais de Noha Ramadan. Nos samples – pedaços de músicas que se recuperam para integrar novas músicas – misturados com sambas na festa de abertura e presentes nas músicas icónicas que Tiran Willemse confronta com os seus gestos. Nos corpos e gestos duplicados e multiplicados de Sofia Dias & Vítor Roriz, do coro de Chiara Bersani e no trabalho de grupo de Vânia Doutel Vaz.

Noutros trabalhos vemos padrões mais subtis de repetição, onde relembrar e imaginar surgem como dupla. No cancioneiro antigo, nas imagens e sonoridades de “casa” que trazem novas ressonâncias nas coreografias de Luísa Saraiva e Dorothée Munyaneza. Na memória que os anti-heróis Stephanie Kayal & Abed Kobeissy transportam na sua ficção científica intergaláctica. Nas músicas que acompanham a travessia do coletivo de CANTAR, que procura evitar um destino cíclico.

O espaço entre imaginação e resistência é costurado no afrofuturismo de Dori Nigro, preenchido pela batida do reggaeton no perreo de Mario Barrantes Espinoza. Tornado coletivo na articulação dos trabalhos de Lilly Baniwa, Ellen Pirá Wassu & Ritó Natálio, Olinda Tupinambá & Ziel Karapotó e Juão Nyn, que com a Terra Batida confrontam arquivos históricos com pontos de vista excluídos pelas narrativas oficiais.

Escrever este convite a cada ano relembra-nos que fazer e ver espetáculos é uma forma de pertencermos ao mesmo tempo, ao nosso tempo. Relembra-nos que a repetição é um gesto de inscrição, uma forma de não esquecer. E no entanto vivemos também num mundo de repetições impensáveis: genocídio, ocupação, violência brutal contra o povo palestiniano – apesar das convenções e leis internacionais, apesar da humanidade, apesar do “nunca mais”.

Lembrar e imaginar, imaginar e resistir.

Este novembro, esperamos encontrar-vos no Alkantara Festival, ou na rua em manifestações de solidariedade — de novo, ou pela primeira de muitas vezes.


Carla Nobre Sousa & David Cabecinha
(direção artística)
Lisboa
26.09.2025

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