Paula Diogo

Paula Diogo está em residência no Espaço Alkantara durante a primeira semana de março para trabalhar na sua nova criação "Aurora (ou Livro)".

Aurora (ou Livro) é uma performance que se faz de olhos fechados. Não sabemos exactamente onde acontece, se na sala de alguém, se numa blackbox, se nas ruas de uma cidade. Há uma linha que se estende entre a realidade e a ficção. Uma linha que começa na ponta de um dedo e se estende para o espaço.

Tendo como ponto de partida o acto de leitura, a performance propõe ler um espaço que se descobre em conjunto. Um espaço habitado por outros corpos que condicionam ou direcionam a nossa acção. Actores e espectadores guiam-se à vez construindo a cada passo relações de co-dependência que têm de ser reajustadas até à exaustão, até perdermos a noção de quem guia quem, quem olha para quem.

Aurora é também o momento entre a noite e o dia, o período de luz sem que o sol se tenha levantado, em que tudo é iluminado de forma difusa numa tensão entre escuridão, sombra e luz. É o momento que ainda não é.

A ideia base do trabalho consiste em criar um habitat para o corpo, que permita pensá-lo como uma matéria táctil e reactiva, que quando privada da visão, activa outras formas de ler o mundo e de se relacionar com a realidade.

Nesta performance Paula Diogo volta a reunir uma série de pessoas com quem colaborou noutros trabalhos que navegam áreas tão diversas como a dança, o teatro e a artes visuais e aposta na construção de uma linguagem cénica baseada na relação entre corpo e espaço.