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Marta Lança

Superintensiva [Terra Batida]

ALKANARA - Marta Lança - ©Maria Mire
@ Maria Mire
  • 16.11 — 17.11 2020
  • Estreia absoluta
  • Teatro São Luiz - Sala Mário Viegas
  • Gratuito
  • mediante levantamento de bilhete
  • M/12
  • 90 min
  • em português, legendado em inglês

Atravessemos um olival de vários tons e intensidades. Este percurso começou a ganhar forma na minha cabeça quando procurava qualidade de vida, isto é, ar e espaço, para criar uma criança. Num monte de cultura de sequeiro, as flores silvestres brotam dentro e fora do murinho de pedra-sobre-pedra. Ourique, capital do porco preto e seus lagartos, secretos, plumas e bochechas. No caminho de carro, vejo estacas branquinhas alinhadas ao estilo cemitério americano. Passados uns meses, sebe-oliveiras atrofiadas no tamanho e na copa, de produção precoce, assistida por herbicidas e agroquímicos. Fecho os vidros ao fumo pestilento do bagaço de azeitona, imagino as partículas tóxicas nas linhas de água, na roupa, nas paredes, nos pulmões. Contrária ao ar contaminado e ao tempo que esboroa, a resiliência da oliveira, guardiã de línguas proféticas e do Mediterrâneo, madrinha dos nossos refugados. Procuro tecer familiaridade, vestígio e estranhamento, numa paisagem de experimentação política, onde há séculos se resiste à pobreza, seca, despovoamento e exploração.

Marta Lança

Performance apresentada no contexto do projeto Terra Batida. Marta Lança participou nas várias etapas de residência no Alentejo e em Ílhavo. Este trabalho proveio muito da estadia em Ourique onde se abordou o modelo superintensivo de plantação.

Terra Batida é uma rede de pessoas, práticas e saberes em disputa com formas de violência ecológica e políticas de abandono. O conhecimento singular e local de conflitos socioambientais, aliado à ação em rede, convocam resistência aos abusos extrativos e também pedem cuidado: para especular e fabular, para construir visões e vidências sensoriais entre mundos exauridos e exaustos. Todos os eventos do Terra Batida no Alkantara Festival são de entrada livre.

Performance Marta Lança Ensaio visual Maria Mire Sonoplastia Nuno Mourão Tradução Marta Prino Peres

Superintensiva é apresentado em sessão dupla com Rasante de Joana Levi

Marta Lança (Lisboa, 1976) é doutoranda em Estudos Artísticos (com bolsa da FCT). Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Desde 2010, é editora do site BUALA. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil. Traduziu do francês livros de Maxence Fermine, Jacques-Pierre Amettea, Asger Jorn e Achille Mbembe. Lecionou na Universidade Agostinho Neto, Luanda. Como programadora: Roça Língua, encontro de escritores lusófonos (São Tomé e Príncipe, 2011); o ciclo Paisagens Efémeras, dedicado a Ruy Duarte de Carvalho (2015); com Rita Natálio, Expats (FITEI, 2015); Vozes do Sul para o Festival do Silêncio (2017); colaborou no projeto NAU, com o Teatro Experimental do Porto (2018); com Raquel Lima, “Para nós, por nós: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate” (2018) e foi curadora do programa “Eu sou esparça e a liquidez maciça. Gestos de Liberdade” (Maat, 2020). Tem experiência em cinema (pesquisa, produção, argumento, representação).

Maria Mire (Maputo, 1979) é artista plástica. Tem trabalhado de modo colaborativo em diversos coletivos artísticos. O trabalho artístico e de investigação que desenvolve é sobretudo centrado nas questões da percepção da imagem em movimento. Realizou o filme "Parto sem Dor" a partir da figura da médica obstetra Cesina Bermudes. Atualmente é professora e co-responsável do Departamento de Cinema/Imagem em Movimento do Ar.Co, em Lisboa. Doutorada em Arte e Design pela Faculdade de Belas Artes do Porto em 2016, com a tese “Fantasmagorias: a imagem em movimento no campo das Artes Plásticas”.

Marta Lança

Marta Lança (Lisboa, 1976) é doutoranda em Estudos Artísticos (com bolsa da FCT). Os temas de pesquisa passam pelo debate pós-colonial, programação cultural, processos de memorialização, plataformas de discurso e estudos africanos. Desde 2010, é editora do site BUALA. Escreve para publicações em Portugal, Angola e Brasil. Traduziu do francês livros de Maxence Fermine, Jacques-Pierre Amettea, Asger Jorn e Achille Mbembe. Lecionou na Universidade Agostinho Neto, Luanda. Como programadora: Roça Língua, encontro de escritores lusófonos (São Tomé e...

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